Segurança: esse é o sentimento que a maior parte das mulheres vítimas de
violência em Minas Gerais vem experimentando depois que o Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) passou a vigiar os passos dos
agressores por meio de tornozeleiras eletrônicas. O Programa Monitoração
Eletrônica de Agressores teve início no Dia Internacional da Mulher, comemorado
em 8 de março. Segundo levantamento recente, 106 homens estão atualmente sob
acompanhamento.
A desembargadora Heloísa Helena de Ruiz Combat, superintendente da
Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do TJMG, explicou
que o programa é executado pelas Varas Especializadas em Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher de Minas Gerais, em parceria com a
Secretaria do Estado de Defesa Social, o Ministério Público, a Defensoria
Pública e as Polícias Militar e Civil do Estado. A iniciativa teve
início em Belo Horizonte/MG e se estenderá para todo o estado.
De acordo com a desembargadora, além das tornozeleiras, foram
distribuídos dispositivos eletrônicos a 98 mulheres que emitem avisos caso seus
ex-companheiros descumpram as medidas protetivas de manterem-se afastados. O
equipamento emite alertas sobre a aproximação do agressor, até mesmo por
mensagem de texto para o celular delas.
“Na monitoração, são definidas áreas de exclusão, às quais o agressor
não pode ter acesso, como o local de trabalho ou a residência da mulher. A
vítima pode então portar um equipamento que vibra, emite um sinal luminoso ou
até mesmo envia uma mensagem automática para o celular dela no caso da
aproximação do agressor”, contou Heloísa.
Na avaliação da desembargadora, as mulheres não são as únicas
beneficiadas. “Ao tratarmos de violência doméstica, alguns aspectos precisam
ser ressaltados. Primeiramente sobre o agressor, que geralmente não é um
criminoso comum. Assim, o monitoramento eletrônico dessa pessoa evita o contato
dela com o ambiente de encarceramento convencional, superlotado e com
indivíduos enquadrados nos mais variados tipos de crime”, afirmou.
“Há também a questão financeira. Segundo dados do Departamento
Penitenciário Nacional (Depen), cada preso no Brasil custa em média R$ 2
mil mensais aos cofres do Estado. No atual contrato de monitoração, por sua
vez, esse valor é de R$ 185,10”, observou.
A magistrada avalia como positivos os resultados já obtidos pelo
programa. Heloísa lembra que a fiscalização da medida protetiva imposta ao
agressor era feita exclusivamente pela vítima, que precisava informar o
descumprimento ao juiz para que medidas mais drásticas fossem adotadas. A falta
de efetividade das medidas protetivas era comum.
“Acredito bastante na iniciativa e espero que continue dando certo, uma
vez que a adoção da tornozeleira eletrônica permite que o agressor continue a
trabalhar, a frequentar cursos reflexivos e atividades educativas, o que
potencializa uma mudança de comportamento, sem falar na maior segurança que
propicia às mulheres”, afirmou.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça
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