O novo plano do Ministério da
Educação (MEC) para tentar induzir melhorias no ensino médio prevê concessão de
bolsas de estudo a estudantes pagas pelo governo federal. A ideia é estimular a
vocação em ciência e licenciatura. Integração do currículo por áreas, e não
mais por matérias, e ampliação de ensino profissional também estão nos planos.
Alunos que quiserem ser professores ou cientistas terão tratamento
diferenciado, disse nesta terça-feira, 14, o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, durante o 14.º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
organizado pela Undime, na Bahia.
O projeto estará articulado com a
expansão das bolsas para professores, dentro do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (Pibid). A meta é que 100 mil alunos e 75 mil
professores recebam as bolsas. Construir uma proposta de melhoria para o ensino
médio entrou para o centro do debate no MEC após a última divulgação do Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que registrou estagnação dessa etapa.
Além da média brasileira ter ficado em 3,7 - enquanto a meta do País a longo
prazo é chegar no mínimo a 6 - a escolas brasileiras ainda têm de evitar a
perda de alunos.
Estima-se que 20% dos alunos antes
matriculados no último ano do ensino fundamental sequer chegam a se matricular
no médio. O plano do MEC, que está sendo desenhado em parceria com os
secretários estaduais de Educação, traça a meta de recuperar 970 mil jovens
de15 a 17 anos que estão fora da escola. As redes estaduais respondem por
86% das matrículas nessa fase do ensino.
Enquanto alguns especialistas em
educação exigem a definição de um currículo mais claro, para que se possa saber
de fato o que os alunos devem aprender, o plano deve avançar apenas para uma
proposta de integração curricular. A ideia é que se organize a grade pelas
quatro áreas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Ciências Humanas, da
Natureza, Linguagens e Matemática. Isso é fundamental porque o jovem está cada
vez mais olhando para o Enem, disse Mercadante. Os debates sobre o novo projeto
do ensino médio ocorrem em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de
Educação (Consed), que realizou um diagnóstico para melhorias. Para tentar
atrair o jovem para a escola, MEC e Consed planejam ainda um incentivo maior ao
ensino profissionalizante, uso de tecnologias e escola em tempo integral.
Financiamento. No diagnóstico
encaminhado ao MEC, o Consed sugere a inclusão de um financiamento específico
para o ensino médio, de forma que garanta o necessário apoio federal a essas
ações. Questionado sobre como garantir o financiamento da educação básica, onde
o gargalo do País é maior, não estipulou metas de investimento. A cada ano
estamos aumentando o investimento na educação básica. A meta é conseguir
resolver os problemas centrais, creche para 50% (das crianças na idade) , 100%
no ensino infantil, alfabetizar em 8 anos e aumentar o Ideb. Mercadante repetiu
na Bahia o que já havia afirmado mais cedo no Senado: acredita que não é a
definição de 10% do PIB para a educação que deve resolver os problemas da
educação, mas a vinculação de 100% dos royalties do pré-sal.
A questão de financiamento da
educação também foi lembrada pela presidente da Undime, Cleuza Repulho, que
defendeu os 10% do PIB na educação Temos de garantir os 10%, seja de onde for.
Sem recursos, não há como garantir a qualidade da educação. Repulho ressaltou
que o desafio maior está por vir. Temos o desafio de em 2016 atender todas as
crianças de 4 anos, disse ela.
O fórum da Undime, que ocorre no
complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, no município de Mata de São João,
termina na sexta-feira. O evento reúne mais de 1,1 mil participantes.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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