O cometimento de falta grave por um apenado obriga a alteração da data-base para a concessão de benefícios na execução da pena e leva à perda dos dias remidos? Este é mais um tema que teve repercussão geral reconhecida pelo Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) e deve ter a última palavra dada pela Corte máxima da Justiça brasileira.
O Recurso Extraordinário (RE) 638239 foi
proposto à Corte pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul contra decisão do
Tribunal de Justiça daquele estado que, ao analisar um processo, assentou que o
simples cometimento de falta grave não enseja a alteração da data-base para a
concessão de novos benefícios na execução da pena.
A corte estadual disse ainda que a falta
grave não afeta o reconhecimento dos dias efetivamente trabalhados pelo apenado
como dias de pena privativa de liberdade cumpridos, “pouco importando se já
foram declarados remidos pelo Juízo da execução ou se existentes apenas de fato”.
Para o MP, essa decisão afrontaria o
disposto na Súmula Vinculante nº 9, do STF, que reconhece a recepção do artigo
127 da Lei de Execuções Penais (LEP - Lei 7210/84) pela Constituição de 1988, e
contraria a pacífica orientação da Corte no sentido de que não existe direito
adquirido à remição de pena ou coisa julgada na decisão que reconhece o
benefício.
Ao reconhecer a existência de
repercussão geral na matéria, o relator do caso, ministro Luiz Fux, lembrou que
a recente lei 12.433/2011, posterior à Súmula Vinculante nº 9, modificou o
artigo 127 da LEP, para declarar que “em caso de falta grave, o juiz poderá
revogar até um terço do tempo remido, observando o disposto no artigo 57,
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”.
Com esse argumento, o ministro disse
entender que a Corte precisa deliberar a respeito da retroatividade da nova lei
e, se for o caso, sobre a revisão ou cancelamento da Súmula Vinculante nº 9.
Fonte: Supremo Tribunal Federal
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