Brasil pagará US$ 4,5 bi por 36 caças suecos e
transferência de tecnologia
Objetivo é criar condições para que
ao menos parte dos equipamentos seja produzida nacionalmente, disse o ministro
da Defesa, Celso Amorim
Após um processo que durou duas
décadas, o governo brasileiro anunciou ontem ter escolhido comprar os caças
suecos Gripen NG para equipar a Força Aérea. Foram desclassificados o francês
Rafale, da Dassault, e o americano F-18, da Boeing. O contrato prevê a compra
dos 36 aeronaves por US$ 4,5 bilhões, com entrega até 2023.
O comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Juniti Saito, afirmou que pretende pechinchar ao máximo para reduzir
os custos para os cofres públicos.
A presidente Dilma Rousseff tinha se
inclinado, há alguns meses, em favor do F-18 americano, mas mudou de ideia e
fez uma retaliação monetária aos EUA por causa da espionagem do governo de
Barack Obama.
De acordo com fonte graduada do
Palácio do Planalto, a decisão pelas aeronaves F-18 E/F estava bastante
avançada no meio deste ano e Dilma até poderia anunciar o acordo quando fosse
aos EUA em visita de Estado, via que acabou cancelada.
Durante todo o ano de 2014 serão
realizadas negociações entre o governo brasileiro e a Saab, empresa responsável
pelo Gripen NG, e as primeiras unidades serão entregues 48 meses depois da
assinatura do contrato, talvez no final de 2018. A Força Aérea diz
que tentará antecipar o prazo de entrega. O primeiro desembolso do Brasil será
após o recebimento da última a aeronave.
Saito comemorou ontem o fim da
novela. Os estudos para a compra dos caças começaram em 1992. O projeto para a
escolha - chamado de FX - foi formatado em 1995 e adiado inúmeras vezes por
restrições orçamentárias. Em janeiro de 2003, por exemplo, quando Luiz Inácio
Lula da Silva assumiu o Planalto, ele anunciou que estava congelando a compra
para dar prioridade ao combate à fome.
Segundo o ministro da Defesa, Celso
Amorim, a escolha do Gripen foi feita depois de análises detalhadas dos três
projetos pela Força Aérea Brasileira (FAB), levando em conta a performance do
sueco, a transferência específica de tecnologia e o custo. Amorim disse que não
há temor de que os EUA possam brecar o quesito transferência de tecnologia pelo
fato de o Gripen ter componentes importantes norte-americanos como o motor. A
turbina não é tão sensível como outras partes, disse Amorim, ao explicar que o
Brasil mantém também boas relações com os EUA e que aviões da Embraer possuem também
peças daquele país.
Amorim, mesmo reconhecendo que a
tecnologia do Gripen não é só sueca, destacou ainda que uma das partes mais
sensíveis da aeronave, que é a abertura do código-fonte do sistema de armas,
será feita integralmente no Brasil.
Transferência. Aliviado e feliz com a
decisão, Amorim assegurou ainda que transferência de tecnologia não é só
promessa vaga. Isso será acompanhado efetivamente. Segundo ele, este aspecto
continuará a merecer grande tenção do governo brasileiro.
Assegurou também que o governo tem
bastante segurança que existirá esta transferência de tecnologia, que não pode
se basear em promessa, mas em realidade, com cláusulas, vigilância e
capacitação do lado brasileiro. O comandante da Aeronáutica, por sua vez,
informou que pelo menos 15 empresas participarão do projeto ao lado da Saab
sueca. O fato de existir transferência de tecnologia não significa que todo o
avião seja produzido no Brasil, embora o comandante Saito tenha informado que
80% de toda a estrutura será fabricada no País.
Não há pretensão de fabricar todas as
peças no Brasil. O importante é que a tecnologia de aviação seja transferida
para que ela possa ser levada para a quinta geração de aeronaves, disse o
ministro da Defesa. Amorim acrescentou que no caso da quinta geração de aviões
estamos abertas a outras parcerias, de outras empresas e outros países. O
Gripen é um avião de quarta geração.
O ministro da Defesa reagiu ainda às
críticas de que o Gripen NG é um avião que ainda está na planta e não existe. O
Gripen já existe sim, está voando e tem protótipo conceitual, disse Amorim. Nas
versões A, BC e D o modelo já voa em países como Suécia, República Tcheca,
Hungria, África do Sul, Tailândia e Reino Unido. O Gripen NG (de New
Generation) é uma evolução tecnológica das suas últimas versões. Os caças vão
substituir os franceses Mirage, cuja vida útil já terminou.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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