Os 27 países da União
Europeia decidiram ontem votar em
Herminio Blanco, o candidato mexicano à direção-geral da
Organização Mundial do Comércio, em revés importante para seu adversário, o
brasileiro Roberto Azevêdo.
A decisão não significa, no entanto, que
Azevêdo já esteja derrotado. Na votação entre os europeus, 15 países cravaram
Blanco contra 12 que preferiram o brasileiro.
Nas etapas preliminares, os europeus não
combinavam o voto, o que significa que Azevêdo deve ter perdido 12 votos, já
que é razoável supor que os países que o apoiaram ontem votaram por ele nas
fases anteriores.
O brasileiro também perdeu o voto do
Paraguai, que, embora membro do Mercosul, preferiu Blanco.
Mas essa perda já estava previamente
contabilizada. Sabia-se que o Paraguai votaria contra o Brasil, como retaliação
por ter sido suspenso do Mercosul em consequência do impeachment-relâmpago do
presidente Fernando Lugo, em 2012.
A decisão sobre o novo DG da OMC pode já
sair hoje, após um trio de embaixadores encarregado de coordenar o processo
ouvir as opiniões dos cerca de 20 países ainda não consultados.
Não se trata, no entanto, apenas de somar
votos e proclamar ganhador o mais votado. A OMC leva em conta também se o mais
votado distribuiu suas preferências geograficamente, de forma a que todos os
continentes se sintam satisfeitos, e se houve distribuição equilibrada entre os
três grupos de países em que costuma se dividir: os emergentes, os menos desenvolvidos
e os desenvolvidos.
Feitas as contas, o costume é que o
derrotado retire a candidatura para passar uma imagem de unidade, o que está
longe de ser a verdade.
A OMC é a principal entidade a zelar pelo
livre comércio mundial. Nos últimos anos, perdeu prestígio, com a estagnação da
atual negociação para eliminar tarifas, a Rodada Doha. Mesmo assim, ainda é um
órgão importante, pois serve de árbitro para disputas entre países.
A articulação europeia foi comandada por
Reino Unido e Suécia. Após o revés, o Brasil contabiliza 83 votos em favor de
Azevêdo, que seriam suficientes para a vitória.
Para ganhar, é preciso conquistar a
maioria simples dos 159 países-membros: 80 votos. É um momento sensível desse
processo de seleção, que tem suas peculiaridades, disse o chanceler Antonio
Patriota.
Brasília montou operação para atrair
apoios de última hora. A própria presidente Dilma Rousseff entrou em campo por
seu candidato.
Uma autoridade do governo disse que,
apesar da decisão do bloco, o Brasil conta com votos de outros países europeus,
como a Noruega.
Azevêdo apostou no apoio de muitos países
pequenos e se dedicou a fechar alianças na África, o continente com o maior
número de votos.
Pelas contas de aliados, o brasileiro
terá 40 dos 42 votos africanos. No grupo de países caribenhos, apenas o Belize
apoiaria o mexicano.
cidade onde reside, Uchôa (SP).
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
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