Uma comissão externa
criada pela Câmara dos Deputados vai acompanhar as investigações do incêndio na
boate Kiss em
Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O grupo deve também
apresentar uma proposta para unificar os procedimentos do Corpo de Bombeiros e
das prefeituras na concessão de alvarás para o funcionamento das casas
noturnas. Os prefeitos, no entanto, divergem sobre a necessidade de aprovação
de uma lei federal com parâmetros mínimos de segurança para funcionamento de
boates e casas de show.
O deputado Fernando Francischini (PEN-PR)
informou que, quando a Câmara retomar os trabalhos legislativos, na próxima
semana, vai apresentar projeto de lei para proibir o uso de materiais perigosos
em casas de festas e boates. A proibição vai valeria para materiais de
isolamento acústico e térmico que tenham alto índice de toxidade ou que sejam
facilmente inflamáveis.
Atualmente, o processo de licenciamento
das casas noturnas e as normas de segurança para esses locais são determinados
por leis estaduais e municipais.
O prefeito Nicolau Khon, de Aurora (SC) é
um dos que apoia a criação de uma lei federal sobre o tema. Segundo ele, como a
cidade é pequena, com pouco mais de cinco mil habitantes, a prefeitura fica
sujeita a pressões e, muitas vezes, as leis municipais não são respeitadas.
Toda lei federal é cumprida a rigor. A lei que o município tem que implantar,
ela é mais difícil para você implantar ela, porque todo mundo é conhecido no
pequeno munícipio. Aí a cobrança dos donos das boates ao prefeito e às lideranças
políticas do município é muito grande. Então, se a lei é federal, é tranquilo.
É só fazer acontecer, explica.
Opinião semelhante tem o prefeito Carlos
Casteglione, de Cachoeiro do Itapemirim (ES), município com 200 mil habitantes.
Uma lei federal pode ajudar os municípios, porque torna a ação dos municípios
mais eficaz. Tendo uma lei federal, certamente, nós vamos ter mais poder ainda
para cobrar a legalização desses espaços, como casas de show e boates, em
nossas cidades, afirma.
Contra
Por outro lado, o prefeito Avelar
Ferreira, de São Raimundo Nonato - cidade com 35 mil habitantes, do Piauí -,
afirma que uma lei federal para regulamentar o funcionamento de boates tira a
autonomia dos municípios. Na minha concepção, tira, e muito. Eu acho que é uma obrigação
do município. O município tem que se fortalecer nesse sentido, para ter um
corpo técnico à altura, para que fiscalize essa questão de boates, de casas de
show etc, para que não haja [tragédia] como aconteceu em
Santa Maria, no Rio Grande do Sul, defende.
O prefeito César Moreira, do município de
Rafard (SP) também critica a edição de uma lei federal sobre o tema. A cidade
tem 10 mil habitantes. César Moreira afirma que as normas em vigor já são
suficientes. Se tiver alvará, licenciamento dos bombeiros, tudo certinho, não
tem necessidade [de lei] federal. É mais uma burocracia, mais documentação,
mais problema para os municípios, argumenta.
Fonte: Câmara dos Deputados Federais
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