Assustado
com a presença de tratores na sua quadra, um morador da Asa Norte
procurou o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para que a
Instituição questionasse a razão das máquinas no local. Segundo o
cidadão, elas estavam prestes a retirar árvores para a construção de uma
ciclovia. Diante dessa e de outras preocupações, membros da 1ª e 4ª
Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) decidiram
convocar uma audiência pública com representantes da comunidade, de
ONGs e do governo para discutir a implantação do sistema cicloviário no
Plano Piloto.
A
reunião, ocorrida na última quinta-feira, 17, contou com a participação
de cerca de 40 pessoas. Além de integrantes do MPDFT, do Departamento
de Trânsito (Detran), da Secretaria de Obras, da Novacap, da Casa Civil,
das Administrações Regionais e de líderes comunitários, representantes
de ONGs de apoio ao ciclista, como Rodas da Paz e Pedal Noturno DF,
estiveram na audiência pública.
O
titular da 4ª Prourb, Paulo José Leite, lembrou que há um entendimento
de que o Estado deve incentivar a criação de ciclovias como política de
estado. A implementação desse tipo de transporte é sustentável, não
causa poluição e diminui a quantidade de carros na rua. No entanto,
deve-se seguir a ordem urbanística vigente respeitando assim a área
tombada da capital, lembrou. Segundo o promotor de Justiça, a criação de
ciclovias dentro do Plano Piloto deve levar em conta a circulação das
pessoas, o respeito à moradia, ao trabalho e à recreação.
Embargo
- A obra de construção da ciclovia no Plano Piloto está atualmente
embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan). De acordo com o superintendente do Instituto no DF, Alfredo
Gastal, o órgão federal desconhece pormenores do projeto e ainda não deu
parecer favorável à obra. A criação da ciclovia não é uma agressão ao
tombamento. Mas houve um erro do governo, principalmente por não ter
ouvido a comunidade, afirmou Gastal durante a reunião.
Segundo
os promotores de Justiça da Prourb, nem o Iphan, nem o MPDFT tiveram
acesso aos detalhes do projeto de implantação da ciclovia. A continuação
da obra só poderá ocorrer depois da aprovação do projeto pelo Iphan,
afirmou o titular da 1ª Prourb, promotor de Justiça Dênio Augusto de
Oliveira Moura.
Na
reunião da última quinta-feira, os promotores de Justiça questionaram o
Comitê Gestor da Política de Mobilidade Urbana sobre pontos técnicos do
projeto. Queremos saber do Comitê como será feita a ocupação das faixas
verdes, a convergência das calçadas de pedestres com a ciclovia, a
travessia dos ciclistas nas passagens subterrâneas, a sinalização
preferencial, dentre outros, enumerou o promotor de Justiça Paulo Leite.
Outra
pergunta feita pelo MPDFT foi relacionada às licenças ambientais.
Presente à reunião, o titular da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do
Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema), Roberto Carlos Batista,
quis saber se há autorização dos órgãos ambientais e sanitários.
Integrantes do governo informaram que possuem tal documentação.
Recomendamos ao Comitê Gestor que o órgão seja o responsável também por
centralizar toda a documentação exigida e utilizada do projeto de
implantação de ciclovias no DF, cobrou o titular da 4ª Prourb.
Sudoeste
- Durante a reunião, representantes da Administração Regional do
Sudoeste e da comunidade daquela cidade mostraram a experiência que o
bairro está tendo com a presença da ciclovia e os problemas enfrentados,
principalmente, os relacionados à sinalização das vias. Ao Detran
recomendamos que seja feita uma ampla campanha de comunicação e educação
com os motoristas para que eles não tenham dúvidas sobre quem tem
preferência durante a travessia de uma via, explicou o promotor de
Justiça Paulo Leite.
Representantes
das ONGs questionaram o modelo adotado pelo Comitê Gestor. Uma
representante da Sociedade das Bicicletas perguntou o porquê da
utilização do modelo de ciclovia em detrimento do modelo de ciclofaixa
ou de compartilhamento da via - normalmente usada pelos automóveis. Um
dos argumentos utilizados pelos gestores do projeto foi o de que o
modelo de ciclofaixa traz riscos à segurança do ciclista - já que neste
caso não há uma separação física entre as vias utilizadas pelos
automóveis e pelos ciclistas.
Fonte: Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Nenhum comentário:
Postar um comentário