quinta-feira, 26 de maio de 2011

MP aponta Rosely como líder em esquema no ramo imobiliário


Principal operador da primeira-dama seria o ex-diretor de Planejamento de Campinas Ricardo Chimirri Cândia, que atuaria como um “facilitador” de liberações para empreendimentos


26/05/2011 - 10h59 . Atualizada em 26/05/2011 - 11h08 
Milene Moreto  Agência Anhangüera de Notícias  
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Rosely Nassim Jorge Santos, primeira-dama e secretária de Gabinete
(Foto: Carlos Sousa Ramos/AAN)
A primeira-dama e secretária chefe de Gabinete da Prefeitura de Campinas, Rosely Nassim Jorge Santos, é apontada nas investigações do Ministério Público (MP) como líder de mais um esquema de corrupção na cidade. Desta vez, no ramo imobiliário. No novo núcleo de supostas irregularidades no governo Hélio de Oliveira Santos (PDT), o principal operador da primeira-dama seria o ex-diretor de Planejamento de Campinas Ricardo Chimirri Cândia, que atuaria como um “facilitador” de liberações para empreendimentos dentro da Prefeitura a pedido da própria Rosely.

A Promotoria aponta, nas páginas 284, 285 e 286 do relatório, que Rosely e Cândia atuariam em conjunto com agentes públicos na intermediação de aprovações de empreendimentos. “De acordo com referidos informes, em mais um esquema criminoso comandado por Rosely Nassim Jorge Santos, o senhor Ricardo Chimirri Cândia atuaria em conjunto com agentes públicos e particulares intermediando junto a órgãos públicos a aprovação de empreendimentos imobiliários e a solução de qualquer pendência fática ou jurídica atrelada ao ramo, tudo mediante a exigência de contraprestação financeira ilícita”, descrevem os promotores no processo que investiga fraudes na Sanasa.

Os promotores ainda destacam o livre trânsito de Cândia dentro da Prefeitura. “Na verdade, pelo que se pode perceber durante o período em que suas comunicações foram monitoradas, é que Ricardo Chimirri Cândia passa o dia todo marcando encontros pessoais em bares, cafés e restaurantes, apesar de ser sócio de empresas constituídas que atuam no ramo imobiliário”, descreve a Promotoria no documento.

Num dos diálogos interceptados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no dia 4 de abril deste ano, Cândia conversa com um suposto empresário chamado Demervaldo, de uma empresa identificada como Helbor. O empresário pede a ajuda de Cândia. “Demervaldo diz que chegou à fase de aprovação do projeto em Campinas. Demervaldo pergunta se tem como fazer o mesmo trabalho que já foi feito, agendando com Marcelo para recebê-lo. Cândia diz que vai falar com ele”, transcrevem os promotores na página 288 do processo. No dia 6, os dois voltam a se falar. “Cândia confirma que falarão com Marcelo. Demervaldo reclama que a menina que está analisando está saindo de licença. Cândia diz que não tem problema, pois falará com o Marcelo e ele mesmo orienta. Cândia explica que Marcelo trabalha no primeiro andar, ao lado do Banco do Brasil.”

No dia 7, em mais um diálogo entre Cândia e Demervaldo, o encontro fica acertado. “Demervaldo liga para Cândia, que diz que está agendado lá às 14h30. Demervaldo pergunta se Cândia estará lá. Cândia diz que não, que esteve pessoalmente no dia anterior. Demervaldo confirma que deve procurar pelo Marcelo”, consta no documento do MP. O diálogo se refere ao que foi combinado na conversa entre o empresário e Cândia, segundo a Promotoria.

Em outro diálogo interceptado pelo Gaeco no dia 4 de abril, Cândia fala com um homem identificado como Adilson: “Adilson, do Bandeiras do shopping liga para Cândia, que se desculpa e diz que irá amanhã. Marcam de se encontrar no dia seguinte no The Mall, às 16h. Adilson ainda diz que João quer falar com Cândia, que limita-se a dizer que no dia seguinte, no mesmo horário, fala com ele”.

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