Considerada um grave problema de saúde pública, a resistência microbiana aos antimicrobianos causa um número expressivo de óbitos e prejuízos à economia.
Já é de amplo conhecimento das autoridades sanitárias que a resistência microbiana aos antimicrobianos é um grave problema de saúde pública, que cada vez mais chama a atenção pelo grande potencial de danos à saúde da população. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de uma das 10 principais ameaças à saúde global enfrentadas pela humanidade atualmente.
Para chamar a atenção para o assunto, todos os anos ocorre a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos, entre os dias 18 e 24 de novembro, quando autoridades mundiais realizam uma ampla mobilização sobre o tema. No Brasil, a iniciativa tem o apoio da Anvisa.
A resistência microbiana é caracterizada pela capacidade de microrganismos como bactérias, fungos e parasitas resistirem à ação de medicamentos antimicrobianos – antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários. Os impactos da resistência microbiana incluem aumento do risco de morte, invalidez, necessidade de cuidados mais intensivos, de internações mais longas e de antibióticos alternativos e mais caros.
Dados internacionais revelam que níveis alarmantes de resistência microbiana foram relatados em países de todos os níveis de renda. Em alguns países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 35% das infecções humanas comuns já são resistentes aos medicamentos atualmente disponíveis.
Em alguns países de baixa e média renda, as taxas de resistência chegam até a 90%. Mais de 1/3 dos países que forneceram dados à OMS em 2017 relataram resistência generalizada a patógenos comuns. O resultado é o tratamento ineficaz de doenças como infecções urinárias, respiratórias e sexualmente transmissíveis (ISTs), além de pneumonias e tuberculose, além de várias outras.
Superbactérias
É especialmente alarmante a rápida disseminação global de bactérias multirresistentes (resistentes a diferentes classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos) e pan-resistentes (com resistência comprovada in vitro – ou seja, fora do organismo vivo, em laboratório – a todos os antimicrobianos testados em exames microbiológicos), também conhecidas como superbactérias, que causam infecções que não são tratáveis com os medicamentos antimicrobianos existentes. Neste cenário, a disponibilidade de novos antimicrobianos para tratar infecções em humanos é urgente.
Em 2019, a OMS identificou 32 antibióticos em desenvolvimento clínico que atendiam à lista de patógenos prioritários, publicada em 2017, em uma tentativa de orientar e promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos antibióticos. Desses 32, apenas seis foram classificados como inovadores. No entanto, se as pessoas não mudarem agora a forma como os antibióticos são usados, os novos medicamentos terão o mesmo destino que os atuais e se tornarão ineficazes.
Vidas perdidas
De acordo com a OMS e o Banco Mundial, a falta de acesso a antimicrobianos de qualidade continua sendo um grande problema, e a escassez de antibióticos está afetando países de todos os níveis de desenvolvimento. Dados da OMS mostram que o acesso inadequado aos antibióticos mata cerca de seis milhões de pessoas anualmente, incluindo um milhão de crianças que morrem de infecção generalizada (sepse ou septisemia) e pneumonia evitáveis.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention – CDC) dos Estados Unidos, mais de 2,8 milhões de infecções resistentes a antibióticos ocorrem nos EUA a cada ano e mais de 35 mil pessoas morrem como resultado disso. Na União Europeia, a resistência microbiana aos antimicrobianos é responsável por cerca de 33 mil mortes por ano e estima-se que custe 1,5 bilhão de euros anuais em gastos com saúde e em perda de produtividade.
Medicamentos falsificados
A falsificação também pode ser uma forte aliada do aumento da resistência microbiana, assim como os produtos de baixa qualidade, pois não cumprem as funções esperadas de um medicamento. Segundo a OMS, entre 72 mil e 169 mil crianças morrem anualmente de pneumonia devido a antibióticos falsificados.
Saiba mais
Informações técnicas:
Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde – este link dá acesso às publicações sobre: Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS – 2021-2025); Diretriz Nacional para o Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos; boletins com dados de infecção e resistência microbiana; Caderno 10 de Segurança do Paciente: Prevenção da disseminação de microrganismos multirresistentes em serviços de saúde; Cadernos de Microbiologia.
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