quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Direito e Tecnologia: Estamos preparados para o futuro?

Marcela Oliveira, Advogado

Publicado por Marcela Oliveira


A advocacia 4.0 não é mais uma novidade e qualquer busca rápida pelo Google levará ao encontro de milhões de informações. E dentre a revolução tecnológica se excede os dados e significados, mas falta resposta a principal pergunta: estamos preparados para o futuro?

Habituados a reverenciar o tradicional, os ternos e gravatas, os diplomas enquadrados e as toneladas de papel, não é tarefa fácil alterar o cotidiano e prosperar lado a lado a tecnologia. Mas é neste contexto que notamos o surgimento da perspectiva de que inovação é cultural e deve ser apreciada quando em prol da potencialização do trabalho, o inimigo neste contexto não é a tecnologia e sim a mentalidade que será ofertada a ela. A máxima de que “a única constante na vida é a mudança” nunca fez tanto sentido e mesmo para os céticos ao alinhamento do direito e tecnologia, não será possível ignorar a revolução.

Agora pesquise o número atual de advogados no Brasil ... Assustador, certo? Logo, muito provavelmente, o menor “problema” a atingir esta classe de profissionais é o caminho tecnológico que este setor está seguindo, visto que, nele habita grandes oportunidades, novas formas de trabalho e engajamento profissional. Esqueça a lógica de que a tecnologia tomará a função do advogado ou que ela está em prol de ser seu adversário, é necessário compreender que há atividades inerentes a esta profissão, precisamente as repetitivas e padronizadas, que podem ser delegadas a tecnologia, mas o advogado sempre será necessário na intermediação entre o caos e a harmonia que ronda a coletividade e, diante do aumento crescente da complexidade de interesses, cada dia é mais necessário a figura ativa da justiça, entretanto, para atuar nesta esfera é necessário primeiro compreendê-la e acompanhar sua evolução.

Se há pouco tempo alguém falasse sobre escritório online, grande parte dos juristas acharia um absurdo. Entretanto, atualmente contamos com advogados que atuam exclusivamente por estas plataformas e nem sequer estão insatisfeitos com os rendimentos ou com o fato de não precisarem arcar com locações e demais custos inerentes a constituição profissional, pelo contrário, estão desfrutando do Home Office, frente aos procedimentos jurídicos flexibilizados e digitais.

Neste entendimento, para os milhares de advogados que estão focando seus esforços físicos e mentais em prol de um sistema tradicional de advocacia que se mostra claramente saturado, existem outros milhares que estão conseguindo “olhar para onde todos estão olhando e enxergar o que ninguém vê”. Pois, sejamos sinceros, a grande dificuldade em fechar a conta entre advogado x rendimento é: conquista de clientes! E, com base ao fato de que, segundo dados do IBGE,[1] 70,5% dos domicílios brasileiros estão conectados à internet, não é incoerente pensar nela como forma de difusão de conhecimento e serviços. E é importante frisar que não se trata de burlar quaisquer regras da OAB em promover serviços para captação de clientes em meio online, mas sim de se comunicar com o intuito de informar, instruir e educar. “Pense quantas vezes você já buscou por um serviço no Google. Obviamente não é só você que faz isso. Todos os dias milhões de pessoas estão buscando por serviços no maior buscador do planeta, e com um site e conteúdo em um blog você pode aparecer nesses resultados. ”[2] Nas palavras de Bruno Feigelson, presidente da AB2L:

“Os advogados estão sendo desafiados a contribuir com essa mudança tecnológica e ela está sendo inserida cada vez mais no cotidiano deles. O advogado 4.0 usa uma série de plataformas tecnológicas para potencializar seu trabalho e evitar atividades repetitivas. ”
E, ainda, segundo artigo publicado pelo JurisBlog[3]:

“O advogado 4.0 não teme as potencialidades da internet para captar clientes. Pelo contrário, ele possui seu próprio site oficial, tem um blog ou um site especializado para publicar seus próprios artigos e os compartilha nas principais redes sociais (como Facebook, Twitter e Instagram), onde marca forte presença. ”
Outrossim, ter um escritório de advocacia exige capacidades que vão muito além das intelectuais. Afinal, quanto tempo é gasto diariamente na organização documental e gerência administrativa? Para isto, já podemos contar com sistemas como o promovido pelo AdvBox[4], que resumidamente trabalha como uma forma de arquivo digital de clientes e processos, possui agenda com lembretes, propicia automação no relacionamento com os consumidores dos serviços jurídicos, gera análise de desempenho, entre outros serviços prestados.

É notável também o crescimento na utilização de Analytics e Jurimetria, serviços capazes de analisar toda a jurisprudência de uma Turma ou Tribunal e demonstrar percentuais de decisões favoráveis sobre um determinado tema e a argumentação mais adequada, o que impacta, beneficia e facilita profundamente a atuação do advogado.

Imagine um ambiente capaz de trazer solução e discussão a questões jurídicas, onde você tem autonomia e poder para publicar seus próprios artigos, modelos de peças, compartilhar conteúdo, incitar a educação e ainda estar a um passo dos seus clientes com um escritório online... Pois é exatamente este o serviço disponibilizado pelo JusBrasil[5].

Ademais, a morosidade processual colide com a sociedade acelerada que está em busca de soluções rápidas aos seus litígios. E é assim que surge espaço para as soluções alternativas, como é o caso do Sem Processo,[6] que realiza a intermediação entre negociações antes mesmo de qualquer protocolo judicial.

E estes são meramente alguns dos exemplos de milhares de serviços que estão disponíveis para otimizar o serviço dos advogados. Estes que, devem buscar de forma imediata a capacitação que os levará a verdadeira advocacia 4.0, compreendendo as novas demandas que a era digital pode ocasionar e utilizando da tecnologia para a eficiência e aprimoramento dos serviços prestados.

Aliar-se a velhos hábitos em plena revolução tecnológica é um equívoco.

[1] Disponível em < https://tecnologia.ig.com.br/2018-04-27/acessoainternet.html >

[2] Disponível em < https://www.rodrigopadilha.com.br/advocacia/captacao-de-clientes-oab>

[3] Disponível em < https://blog.juriscorrespondente.com.br/2018/06/26/o-queeo-advogado-4-0ecomo-voce-pode-ser-um/ >

[4] Disponível em < https://advbox.com.br/recursos/ >

[5] Disponível em < https://www.jusbrasil.com.br/ >

[6] Disponível em < https://www.semprocesso.com.br/ >


Fonte:
https://marcelaolivira.jusbrasil.com.br/artigos/639818295/direito-e-tecnologia-estamos-preparados-para-o-futuro?ref=topic_feed

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