O governo Dilma Rousseff fechará todos os anos de
seu mandato com inflação acima da marca de 5% e, portanto, além do centro da
meta de 4,5%. Isso ocorrerá se as novas projeções para o IPCA, que o Banco
Central divulgou nesta quinta-feira, 28, por meio do Relatório Trimestral de
Inflação (RTI), forem confirmadas.
Em 2011, o IPCA fechou no teto da meta, em 6,50%,
e, no ano passado, ficou em 5,84%. Para este e o próximo ano, a autoridade
monetária projeta taxas acima dessa marca, tanto no cenário de mercado quanto
no referência, conforme o documento. Este patamar para o indicador acima de 5%
já era esperado pelo mercado para 2014 há aproximadamente um ano. As projeções
dos analistas subiram para esse nível ao final de fevereiro do ano passado. No
caso da inflação de 2013, as previsões já estão consolidadas na casa de 5% há
mais tempo.
As projeções do BC para a inflação em 2013, tanto
no cenário de referência como no de mercado, foram elevadas e estão próximas de
6%. Conforme o documento, a projeção para o IPCA de 2013 passou de 4,8% para
5,7% no cenário de referência. Para o próximo ano, a elevação foi de 4,9% para
5,3% e, para 2015, está em 5,4%.
O cenário de referência, de acordo com o BC,
pressupõe manutenção da taxa de câmbio constante em R$ 1,95 e meta para a Selic
estável em 7,25% ao ano. No documento anterior, a projeção para o câmbio estava
mais alta, em US$ 2,05. Para fazer as projeções, o BC utilizou as informações
até o dia 8 de março como data de corte.
No cenário de mercado, o BC prevê 2013 que o IPCA
fique em 5,8%, ante 4,9% da projeção anterior. Para o próximo ano, a projeção
foi elevada de 4,8% para 5,1%. Já para o primeiro trimestre de 2015 está em
5,2%. Neste grupo de projeções, a autoridade monetária incorpora dados da
pesquisa realizada pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e
Estudos Especiais (Gerin).
Ontem, falas da presidente na África do Sul
causaram um rebuliço no mercado. Ao dizer que não acredita em políticas de
combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico, Dilma
sinalizou, na interpretação de profissionais do mercado, que a alta da Selic
não está no horizonte.
Além disso, citou o Ministério da Fazenda - e não o
Banco Central - no que diz respeito às questões específicas de inflação. Mais
tarde, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e a própria presidente da
República voltaram a falar com a imprensa para tentar reverter os reflexos
negativos que surgiram no mercado.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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